terça-feira, 4 de setembro de 2012

...And Justice for All



Vamos lá, para quem não é de Campo Grande (MS) e não ouviu falar do caso, vai uma breve explicação:

Dois estudantes desapareceram na noite de quinta-feira (30). Os corpos foram achados na sexta-feira (31), confirmando a morte dos dois. A Polícia diz que os dois foram pegos saindo de um bar, num carro importado, e foram levados para o anel rodoviário, entra as saídas de Aquidauana e Rochedo, onde foram executados com um tiro na cabeça, num túnel que passa embaixo da pista. O carro fora roubado e recuperado em Corumbá, portanto trata-se de um latrocínio, e cinco pessoas foram presas acusadas do crime, incluindo um "de menor". O motivo da execução dos estudantes seria "medo de serem identificados", segundo um dos acusados. Houve uma comoção maciça nas redes sociais, principalmente no Facebook, que culminou em uma caminhada contra a violência em Campo Grande, protestando contra a morte dos estudantes.

Agora que estão todos informados, podemos prosseguir. Aqui vai uma reprodução integral de um texto escrito por Victor Wagner, sem alterar uma vírgula:

"Antes de mais nada, minha intenção não é ser ofensivo com ninguém, só falarei a minha sincera opinião com muitas reações desse caso dos dois jovens que sofreram latrocínio, discorde (e concorde) a vontade, afinal aqui é a internet, isso se alguém ler tudo isso. Dito isso eu entendo a comoção, eu mesmo compartilhei a notícia e desejei sinceros pêsames aos amigos e família dos dois, entendo ATÉ UM CERTO PONTO (isso não vale pros amigos realmente próximos e família em que o luto será grande, duradouro e totalmente justificável). De repente um monte de gente, que nunca ouviram falar nas vítimas, fica indignada com o local e o país em que vivem, qual a surpresa aí? Redescobriram o Brasil e eu não estou sabendo? Pra mim o cúmulo é eu ver que tão organizando passeata por causa do caso, não pela passeata em si mas sim em ter precisado morrer dois jovens de classe média na mesma cidade pra entenderem o Brasil, quem me dera se essa revolta toda durasse tipo todos os dias...mas não, logo deve acabar. "Mas a próxima vítima pode ser você" - de fato, e eu tenho ciência disso desde a muito tempo atrás, desde quando percebi que resido aqui, não descobri isso agora. É revoltante, triste e lamentável? Sim, assim como é revoltante fazendeiros daqui de MS dizimarem (e olhe que isso não é uma hipérbole) índios nativos...comoção pra isso eu não vi, coisa que ocorreu no mesmo estado, nem distância geográfica grande possui. Falando nisso, quantos latrocínios ocorrem em Sampa? No Rio? Não tenho números exatos, mas não não precisa ser o Eistein pra saber que é um número abusivo...pra isso eu não vejo essa revolta toda, é no mesmo país. E novamente os meus pêsames aos amigos e familiares."



E eu concordo com tudo. Ninguém, absolutamente ninguém que tenha uma televisão em casa pode dizer que não conhece a realidade do nosso país. Nós vemos notícias todos os dias de latrocínio, homicídio, assalto, sequestro e tudo quanto é tipo de crime possível. Caramba, programas como o Brasil Urgente são só sobre isso! E essas notícias a gente sabe por rádio, revista, internet, vizinho, amigos, colegas...

Olha aqui, atearam fogo em um vigia que tentava impedir um assalto, em Campo Grande. Por volta da meia noite de sábado (25), um grupo chegou para roubar materiais de construção do local, o vigia foi tentar impedir o roubo, acabou rendido e amarrado. Posteriormente, os bandidos jogaram solvente no trabalhador e atearam fogo no vigia. Pegando fogo, ele saiu correndo e pediu ajuda, os Bombeiros levaram o homem para a Santa Casa, em estado grave. O vigia ainda estava em estado grave, mas respirava sem ajuda de aparelhos na época da notícia.

O que? Ele não merece atenção e nem indignação da sociedade só porque ele não morreu? Eu não lembro de ter lido nada disso no Facebook e nem ter visto nenhuma passeata contra a violência desse caso. Não vi ninguém revoltado porque um trabalhador foi incendiado porque tentou fazer o trabalho dele.

Em Nova Andradina, uma professora foi sequestrada como retaliação ao trabalho que a Polícia estava realizando na região. A professora saia do trabalho quando foi sequestrada pelo bandido que estava no banco traseiro do veículo que ela possuía. A mulher foi agredida mental e fisicamente. Segundo o delegado que cuida do caso, o bandido teria dito que "mulher de polícia tem que ser tratada assim", enquanto agredia a professora com socos e puxões de cabelo. Ela conseguiu escapar quando perdeu o controle do carro e saiu da pista, ela fugiu e o sequestrador também.

"Mas isso não foi em Campo Grande! Ha!". Tá certo, como foi em Nova Andradina, não tem motivo para ninguém ficar revoltado, não é? Afinal de contas, ela está viva também.

Não por isso. Em Tacuru, foi preso um suspeito de envolvimento no assassinato de um policial militar. O motivo seria o fato do policial ter desvendado um caso de homicídio na cidade, que teria sido perpetrado pelo mesmo bandido que viria a matar o policial. O policial foi alvejado na sala de casa, enquanto assistia televisão com a esposa. Ele morreu antes da chegada do resgate e a mulher dele fora atingida por quatro tiros, mas não corre risco de morte.

Eu tive que procurar essa notícia, eu não tropecei nela enquanto checava atualizações dos meus amigos. Não vi isso na capa do site da Globo, não vi ninguém protestando por causa da impossibilidade de se realizar o trabalho de policial no interior do Estado. Não vi passeata pela morte do policial, pela esposa que fora atingida quatro vezes, nem pela professora que fora sequestrada e nem pelo vigia que fora incendiado.

E sabe o que todos esses outros casos tem de grande diferença para os estudantes?


Nenhuma das vítimas é de classe média! São todos trabalhadores de classes mais baixas. São pessoas que tem que suar e mesmo assim não tem carro importado.

Não adianta me olhar com essa cara de "não é assim"! O que morre de pobre todo dia no Brasil inteiro não é brincadeira! Em Campo Grande não é diferente! Crimes nas classes menos favorecidas são o entretenimento das classes mais abastadas. E não faça essa cara de novo porque você sabe que é verdade! Pergunta a opinião do Picarelli sobre esse assunto.

Você acha que as famílias dos outros casos não sofreram? Acha que as vítimas não tinham amigos também? Eles não merecem nenhuma justiça? Eu não ouvi um grito de "justiça!" para essas pessoas.

"Ah, mas a passeata foi contra a violência! Foi a resposta da sociedade para todos esses crimes!"

Nem você que pensou isso acreditou no que disse. Só houve manifestação quando a realidade bateu na porta das classes altas. Enquanto assassinato era coisa das Moreninhas, empresário não estava nem aí. Enquanto os assaltos, sequestros e latrocínios ficam na periferia, enquanto é marginal matando marginal, não tem problema.

Esse tipo de manifestação deveria acontecer quando um trabalhador morre fazendo o trabalho dele. Quando um pai é morto e deixa filhos e mulher para trás. Essa indignação toda tinha que ser motivada por TODA a violência que assola TODA a sociedade brasileira. Todo mundo, independente de classes, merece justiça, todo mundo que é vítima de um crime merece ver o bandido pagando pelo que fez. Eu acho, sinceramente, ridículo, absurdo e até hipócrita que só haja uma movimentação pedindo por paz quando as vítimas tem dinheiro! Eu quero ver uma passeata dessa magnitude para um trabalhador de construção que ganha um mínimo, que passa o dia inteiro pegando no pesado e no fim do mês tem a casa roubada, levando tudo o que o sujeito possui. Ver o povo indignado quando uma professora da rede pública é ameaçada de morte por um aluno.

É importante que fique claro que eu não estou dizendo que o caso dos estudantes não é digno de revolta. Meu ponto é que todos os outros TAMBÉM SÃO!

A morte desses estudantes é só o resultado da sociedade que a gente vive, gostem ou não, não é novidade nenhuma o que aconteceu.


Para fechar o texto, desejo força para a família de todas as vítimas de todos os crimes citados nesse texto. Eu não imagino a dor que nenhum dos familiares ou amigos esteja passando e eu espero que todos encontrem forças para seguir em frente. Espero sinceramente que a justiça seja feita em todos os casos. Que  as mortes dos estudantes não sejam mais uma, assim como aconteceu com a morte do policial supracitado.

11 comentários:

  1. O que mais me choca, em todos os casos, é a banalidade. O matar por matar. No caso dos meninos, em particular, eu me revoltei sim, fiquei triste sim...não pq eles eram de famílias abastadas, mas pq vi naqueles meninos os meus filhos. Poderia ser um deles porque ninguém está livre disso, infelizmente. Em casos de bandido matando bandido, eu não estou nem aí MESMO! É um favor que nos fazem, ajudando, inclusive, a não superlotar (mais ainda) as cadeias. Que lotem os cemitérios! O problema, caro blogueiro, é que as classes sociais tão bem distinguidas por você, acham que não tem força pra ir às ruas. Eles mesmos se conformam com a miséria em que vivem e se sujeitam a 'aceitar' a violência como 'parte' do meio em que vivem. E, se alguém pode gritar, pode protestar, pode ir pra rua e levantar bandeira, porque não? Te garanto que a passeata pelo Breno e Leonardo não teve o objetivo de mostrar "somente" a barbárie feita com eles, mas com tudo que acontece. Homicídios, latrocínios, assaltos, espancamento, crimes passionais, crimes banais.....nada justifica. A raiz disso tudo está na Educação. Ou na falta dela....na desgiualdade social. Enfim....a violência tomou conta. Concordo com você e também me solidarizo com todas as famílias que sofrem a mesma dor.

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  2. O problema começou quando "ser ou não ser" tornou-se "ter ou não ter".
    A grande maioria dos males sociais hoje são resultados diretos ou indiretos de uma sociedade onde o rico do andar de cima "caga" no pobre do andar de baixo. Quando o rico cai da janela a cidade para, quando o pobre leva o "presente", a merda mesmo, na cabeça a cidade ri.
    Não adianta dizer que não é assim, mas eu não culpo o povo. E aí que vai a minha crítica. Hoje a mídia faz o alarde que ela quiser fazer, ela é capaz de fazer um "bolo de gente" (Prof. Fortunato e os bolcheviques...rsrs Só os fortes entenderão) se indignar porque um passarinho quebrou a asa e fazer o mesmo bolo de gente ignorar o trabalhador que quebrou a perna.
    Você soma o interesse da mídia em dramatizar um caso ao poder de compartilhamento que as redes sociais trazem e logo o Brasil está sabendo da história do passarinho perneta (ou "asaneta", não sei) e ativistas de proteção aos animais vão surgindo, e o movimento vai se armando e logo temos o Greenpeace em um tanque de guerra verde pelas ruas...
    Eu concordo com o posicionamento do Guilherme, a questão não é o caso dos universitários não ter sido uma injustiça de grande dramaticidade, a questão é só ser ESSE TIPO de caso chamar a atenção do povo para fazer manifestações.
    Os jornalistas que me perdoem, mas hoje o que importa é o ibope, a popularidade e a venda das revistas e jornais. Hoje o que importa é o capital. Eu acredito em jornalistas sérios e competentes, não acredito é em empresas jornalisticas. Por isso que assistimos umas notícias que parecem brincar com o juízo de valor do povo. Passarinho lindinho quebrou a asa? Que dó! Trabalhador pedreiro quebrou a perna? Ah! É só uma perna, logo sara.
    Enfim.

    "Nunca sabemos quando somos sinceros. Talvez nunca o sejamos. E mesmo que sejamos sinceros hoje, amanhã podemos sê-lo por coisa contrária." Fernando Pessoa


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  3. Não acredito que deva desmerecer um movimento movido por uma classe abastada, contra um fato que ocorreu com a mesma. O que aconteceu foi um movimento onde a maior parte dos integrantes eram de uma classe social que frequentam os mesmos lugares, moram no mesmo tipo de região, ou conhecem as vítimas e que se sentiram diretamente afetadas e inseguras com o caso.

    A passeata ocorreu sim porque foi uma brutalidade com os jovens de classe média, e quem movimentou foi a classe média que, reafirmo, se sentiu afetada e insegura. Esse movimento é algo que deveria ser contemplado por toda a sociedade, pois foi um caso bárbaro, assim como o que acontece nas periferias, só que essa classe média que se revoltou com o acontecido não acha normal nem aceitável acontecimentos como esse, e a mesma ficou realmente abalada com a situação. Com movimentos como esses agente percebe que a insatisfação com as políticas públicas são gerais. E isso que movimentam as coisas para frente, falando ideologicamente, mesmo agente sabendo de todas as falcatruas e politicagem que existe nesse tema.

    Se as pessoas com menos renda, como a Edimara falou "se conformam com a miséria em que vivem e se sujeitam a 'aceitar' a violência como 'parte' do meio em que vivem" não acho desmérito "alguém(ns) mais esclarecido(s)" chegar e se revoltar com a situação porque um sujeito abastado foi vítima de uma atrocidade dessa. Aliás, prefiro que seja assim do que o pleno consentimento da população em torno desses acontecimentos.

    Eu também concordo que deveria haver movimentos contra esses crimes quando ocorre contra um pobre, mas é dever da classe baixa também fazer requisições e passeatas, e se revoltar com a violência tomada, é dever da classe baixa entregar bandido e boca de fumo para policial, é também dever da classe baixa não consentir e muito menos se rebaixar perante casos como esse que acontece com eles. E finalmente é dever da classe baixa EXIGIR políticas públicas de efeito e não apenas populistas, transformada em forma de doações de sacolão e cesta básica. Aliás, são eles que ganham eleições e eles que realmente têm o poder em mãos, só basta um pouco de esclarecimento.

    Dei uma viajada aqui no final, mas é época de eleições e todo mundo fica um pouco ideológico nessa época.. hehe

    Abraços!

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    1. Não é desmerecer o movimento porque se trata da classe média. Meu ponto é que enquanto a água não bateu na bunda da classe média, ninguém estava nem aí. A revolta não é porque a cidade é violenta, a revolta não é porque morreu gente. A revolta é porque morreu gente da classe média!

      Se uma manifestação dessa, FEITA PELA SOCIEDADE, e não só por classe X ou Y, tivesse sido feita por causa de um crime ocorrido numa classe inferior, aí eu acreditaria que o problema é a violência na cidade e o a morte das pessoas.

      A obrigação, o dever, de fazer uma manifestação de indignação é da sociedade em geral, não só de classe X ou Y. E o meu ponto é que não há movimentos de indignação movidos pela sociedade relacionado aos crimes das pessoas de menor poder monetário.

      Eu concordo que o movimento deveria ter o suporte de todas as camadas da sociedade, concordo que todos deveriam apoiar e participar de uma passeata pelo fim da violência.

      A classe média não acha normal nem aceitável que um crime desses aconteça com alguém DA CLASSE MÉDIA, porque, novamente, quando acontece com alguém de outra classe, é problema daquela classe.

      Também não acho que deva haver qualquer espécie de consentimento da população quando acontece um crime desses. É bom que tenha ocorrido a passeata e uma parcela da população tenha acordado para a atual situação do Brasil, só me entristece que fora necessária a morte de dois estudantes para que isso tenha acontecido, como se já não morresse gente o suficiente todo dia.

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    2. Só esqueci de colocar ali em cima:

      Eu gostaria de ver esse tipo de movimentação acontecendo com o apoio maciço da sociedade inteira, eu queria ver o fim dessa estratificação social, entende?

      Eu acho, sinceramente, ruim que o rico só cuide de si e que o pobre tenha que cuidar só de si também. O ideal, no meu ponto de vista, é que todos percebam que todos formam a sociedade e que as coisas só vão para a frente quando começarmos a trabalhar juntos. Portanto, para mim, também seria importante se as classes menos favorecidas tivessem uma participação nessa passeata, saca?

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  4. No trecho abaixo que eu extraí do texto do colega leogai percebemos o grande problema social: não nos consideramos todos seres humanos iguais, nos estratificamos ainda, nos dividimos ainda. Não evoluímos ainda. Ainda existe o pobre, o classe média e o rico. Não existe a Maria, o José e o Marcos. Que os pobres cuidem dos pobres, que os classe-médias lutem com os classe-médias e que os ricos riam juntos.

    "é dever da classe baixa também fazer requisições e passeatas, e se revoltar com a violência tomada, é dever da classe baixa entregar bandido e boca de fumo para policial, é também dever da classe baixa não consentir e muito menos se rebaixar perante casos como esse que acontece com eles. E finalmente é dever da classe baixa EXIGIR políticas públicas de efeito e não apenas populistas, transformada em forma de doações de sacolão e cesta básica."

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  5. É que na verdade a passeata foi organizada pelos amigos e parentes das vítimas. Geralmente as coisas só acontecem quando a água bate na bunda, pelo menos aqui no Brasilsão véio. Infelizmente foi preciso que acontecesse com alguém próximo para que a sociedade da classe média acordasse, mas o que eu acho errado é criticar essa mesma classe porque ela só se manifestou contra a insegurança quando ela foi atingida, e somente ela.

    Em momento algum parentes de vítimas das classes baixas organizaram algum movimento, levaram o POVO para a "nobre" Afonso Pena, aposto que se fizessem, haveria adesão. (Quando houve manifestação no caso do segurança Brunão falecido, onde o caso foi que foi golpeado por um "playboy", o caso ganhou grande destaque na mídia local, e houve protestos com adesão de muitas pessoas, não tanto quanto o caso do Breno e Leonardo).

    Infelizmente cada um defende o seu, o problema é quando ninguém defende o seu, nem você mesmo, ai usurpam e destroem sem nenhuma resistência, apesar de ser clichê acho que é hora de acordar o POVÃO, porque os outros não vão defender eles. Eles têm que se defender, e após mostrar força, assim acredito que conseguiriam apoio de outras classes. Agente não pode ser idealista pensando que algum rico vai fazer um protesto na Afonso Pena por causa de um pedreiro que foi assassinado atoa na Carlota, se nem o povo da Carlota manifesta.

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  6. Eu afirmo que os dois estão certos quanto a unidade que deveria ser. Eu também não sou a favor da estratificação, quanto mais mistura acho mais interessante. Mas não é assim, tem que haver um caminho para que seja assim.

    Eu apenas coloquei a realidade, não o ideal, para chegar no ideal, tem um caminho, e acredito que possa começar do jeito que falei no último post, se houver movimentos pipocando em cada canto, uma hora ele se junta pois eles têm o mesmo interesse e o mesmo objetivo

    Só acho que é nocivo criticar um movimento que a classe média fez defendendo a mesma.

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  7. Acho que o texto não foi compreendido. Em nenhum momento o Guilherme desqualifica o movimento feito em memória dos dois estudantes. E a crítica faz a pessoa evoluir. Assim como os movimentos sociais.
    A grande questão é: o que nos tira do conforto nos revolta. A "Família Campo Grande" chora pela perde dos estudantes, mas que "Família" é essa?
    O pobre tem que cuidar do que é seu, mas o ideal seria que todos ajudassem. Sinceramente, se fizessem uma passeata por causa do trabalhador que foi incendiado quantos participariam? De verdade? Se querem saber acho que só os conhecidos e amigos da vítima. Isso seria motivo de fofoca entre as outras classes e provavelmente o movimento seria visto como uma merda de uma paralisação na Afonso Pena. Um negócio que só atrapalha o transito em prol de que mesmo? De um trabalhador?
    Uma coisa que todos esquecemos é que do mesmo modo que somos classe média hoje, amanhã poderemos ser classe baixa. E do mesmo modo que somos classe baixa amanhã poderemos ser classe média.
    Imagine você com 35 anos, trabalhador, honesto, ser assaltado e sequestrado, sofrer traumas físicos e psicológicos. Ou melhor, ter um filho seu sequestrado. Independente da tua classe social, você sofrerá com isso. Vai te revoltar e provavelmente os que estão à sua volta, mas não será o suficiente para revoltar o resto da sociedade.
    Mas se isso atingir uma aresta certa, isso vai deixar a "família" revoltada, com raiva ou em luto.
    E é muito triste ler que os bandidos que se matem, como se os bandidos só estivessem na periferia. Muitas vezes eles estão mais próximos do que imaginamos. Quem imaginaria um filho roubando a mãe? Coisa de periferia? Provavelmente não. Que imaginaria um cara com um carro importado passando por cima de um ciclista e no atestado de óbito estar escrito que o ciclista estava drogado, alcoolizado, maluco beleza pedalando à 280km/h.
    Mas enquanto o POVÃO, que é todo mundo que não é rico o suficiente pra fazer parte do Banco Safra, não acordar, será assim mesmo. Uma passeata contra a violência é um passo. O próximo é realmente se interessar pela sociedade, seja ela da sua classe ou do outro. Dai, lutar por uma sociedade melhor, melhoria na saúde, na educação e na segurança, por exemplo, que ai a classe média, alta e baixa, poderão dormir em paz.
    Enquanto isso, tenho que ler que pessoas se solidarizaram com a passeata porque poderia ser com um filho dele... quer dizer que só por ser classe baixa não poderia?

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  8. Ligia, eu realmente concordo com tudo que disse, o único problema é que as coisas não funcionam desse jeito, cada um olha para o seu, essa é a sociedade em que infelizmente nos vemos no momento. Mas que pode ser mudada.

    O que eu quis colocar é que eu não consigo ver as pessoas menos favorecidas lutando por elas mesmos. E se lutassem, elas teriam força para pressionar por políticas que garantissem segurança para eles mesmos. Por mais que a classe média e alta pudesse criticar a classe baixa por fazer "uma merda de uma paralisação na Afonso Pena", quando ocorresse um estopim (como no caso atual) que ferisse a sensação de segurança que essa classe média e alta possuía, poderia haver uma união em prol de algo

    Agora, enquanto o povo da periferia não se interessar em defender o seu, os outros também não vão se interessar. No pensamento geral estaria a pergunta: "para que que eu vou defender o trabalhador se nem eles mesmos ligam para o que está havendo com eles mesmos?"

    Eu acho que o ataque não deveria ser a atual classe média, mas sim ao povão mesmo, para que eles vejam que eles podem sim lutar por eles, que podem e devem se manifestar com suas demandas. Isso é democracia, e não o líder de bairro receber uma verba em época de campanha para representar um povo, levando alguns cafajestes para abraçar e beijar criança com piolho na cabeça. (Não estou sendo preconceituoso, apenas realista, e acredito que irá discernir isso).

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  9. Não concordo com os textos...
    Pq vcs insistem em exigir reações iguais das pessoas, a fatos diferentes? isso é completamente irracional...
    Há pessoas q se importam, há pessoas q não se importam, simples assim...
    Já era esperado que isso acontecesse, a morte de jovens de classe média afeta, logicamente, jovens de classe média, seus vizinhos e parentes...
    Aposto q a morte daquele segurança afetou, logicamente, outros seguranças, seus vizinhos, e parentes...
    Assim em diante...
    Pessoas são mesmo umas diferentes das outras, querer que reações sejam iguais para diferentes ações ... é uma ilusão...
    E Se isso algum dia vai mudar, eu não sei, oq eu sei é: isso é o que tem pra hoje no almoço ...

    A morte desses jovens, poderia muito bem, ter passado batido, ser mais um "que dó... que dó..."

    Por isso, digo então pra vc pessoa que importa (assim como eu): Melhor uma passeata do que passeata nenhuma... E em vez de criticar o movimento era melhor vcs terem colocado as outras mortes naquela figura de fundo preto no facebook e compartilhado, quem sabe assim outras classes sociais iriam a passeata, aumentando o numero de pessoas...

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